O Junho Violeta é um mês dedicado ao enfrentamento da violência contra a pessoa idosa, mas durante todo o ano precisamos falar sobre isso. O Brasil tem mais de 30 milhões de idosos, segundo o IBGE. Esse número alto demonstra que nosso país tem envelhecido e por isso a importância de toda população contribuir no dia a dia para o respeito e proteção a essas pessoas!

Um dos maiores desafios do envelhecimento ainda é o preconceito e a consequente discriminação às pessoas mais velhas, o que a literatura chama de ageísmo ou idadismo. Esses termos representam toda e qualquer situação que envolva preconceitos e discrminação a indivíduos/grupos em razão da IDADE, se reconhecendo que as pessoas velhas são as mais atingidas. Esse preconceito se expressa nos comportamentos, nos relacionamentos, nas políticas e práticas institucionais e causa impactos significativos nas pessoas, na sociedade!

No relatório global sobre o Ageísmo, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março desse ano, os resultados mostraram que uma em cada duas pessoas tinha atitudes discriminatórias (em grau MODERADO ou ALTO) relacionadas à idade.

Enfrentar o ageísmo/idadismo com foco no envelhecimento perpassa por reconhecer o envelhecer e sua diversidade: ninguém envelhece da mesma forma, temos que considerar fatores sociais nesse processo (como a classe, a raça, o gênero, a cultura, entre outros); nem todo/a idoso/a é uma pessoa limitada; não existe uma “idade máxima” para tomar decisões, cumprir compromissos, administrar sua própria vida (aqui temos que considerar fatores de saúde mental, por exemplo. Dá um outro artigo, o que acham??), enfim…são tantas as abordagens que podemos fazer com esse tema!

Como assistentes sociais precisamos estar atentas/os: o enfrentamento ao ageísmo/idadismo é dever nosso também, afinal nosso Código de Ética já nos adverte em seu princípio número 11 o “Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, idade e condição física.” 

Assim, na hora do atendimento, da visita, dos grupos, seja lá qual for a ação que você realiza com pessoas idosas em seu cotidiano profissional, fique atenta/o ao seu vocabulário, as suas considerações, ao seu diálogo com essas pessoas. Vou citar exemplos práticos:

1. não interromper uma pessoa idosa no meio de sua fala; 
2. Chamá-lo(a) pelo próprio nome ou da forma como a pessoa preferir;
3. Evitar a infantilização e palavras diminutivas como “vovozinho”, “vovozinha,” “idosinha”;
4. Evitar “conselhos” do tipo: “o/a senhor/a não tem mais idade para fazer tal coisa”;
5. Evitar falas a exemplo de: “A senhora não aparenta a idade que tem”; “idosos são “teimosos”;
6. Buscar ouvir o/a idoso/a e não se reportar apenas a seu familiar ou acompanhante.  

São apenas alguns exemplos de atitudes que fazem a diferença no dia a dia profissional e na nossa forma de encarar a velhice. Pode parecer bobo, mas não é !!! 

Quando a gente se posiciona contra preconceitos a gente contribui para evitar o surgimento de violências e também para reforçar estereótipos e crenças que colocam a velhice num lugar de eterna vulnerabilidade e não-protagonismo.

Um abraço!

Celiza Terto – Assistente social CRESS/BA 12.174

Referências:
CFESS. Código de Ética do/a assistente social. Brasil, 1993.
Organização Mundial de Saúde. Global report on ageism. Genebra, 2021. Disponível em : https://www.who.int/teams/social-determinants-of-health/demographic-change-and-healthy-ageing/combatting-ageism/global-report-on-ageism

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